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Foto de Arquivo: O debate político pautado nas boas idéias e na busca por soluções para os problemas da sociedade perdeu espaço para o extremismo, o desrespeito, a desmoralização. |
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Comportamento: Vivemos tempos desafiadores em que o tecido do debate político parece corroído. No Brasil, a estratégia da extrema-direita tem sido pautar o cenário público com retóricas que alimentam o antagonismo e desprezam o contraditório. O professor Jorge Chaloub (UFRJ/UFRJF) observa que esse movimento não apenas rompe com os cânones democráticos, mas normaliza posições extremistas que antes seriam inaceitáveis numa sociedade minimamente civilizada .
Registros empíricos corroboram essa percepção: uma análise de cerca de 5 milhões de tuítes de influenciadores políticos durante as eleições de 2022 revela um crescimento substancial da incivilidade — especialmente impolidez, discursos violentos e ataques às instituições democráticas — durante os períodos de maior tensão eleitoral . Soma-se a isso o fato de que as redes sociais, com sua estrutura de amplificação algorítmica, frequentemente favorecem conteúdos de direita, inclusive radicais .
O discurso de ódio encontra terreno fértil nesse ambiente. Estudos ressaltam como redes como o Facebook ecoam mensagens agressivas, muitas vezes disfarçadas sob o véu da liberdade de expressão — sem respeito à dignidade e aos direitos iguais garantidos na Constituição Federal .
Especialistas em teoria democrática, como Chantal Mouffe, oferecem uma alternativa à polarização destrutiva: a democracia agonística. Nela, adversários reconhecem a legitimidade do outro mesmo diante de opiniões contrárias — são adversários, não inimigos. Esse modelo encoraja o confronto respeitoso e preserva a coesão política .
No Brasil, intelectuais como Luís Felipe Miguel e Marcos Nobre têm chamado a atenção para os riscos de uma “democracia domesticada” e alertado sobre a erosão dos valores emancipatórios — fenômenos cristalizados com o avanço de discursos autoritários que proliferam na esfera digital . A filósofa Marilena Chaui, por sua vez, lembra que o autoritarismo social — naturalizado em formas de dominação — constitui um grave obstáculo à mentalidade democrática que respeita a diferença .
Em síntese:
a) A normalização de discursos extremistas enfraquece o debate saudável e legitima rupturas democráticas.
b) As plataformas digitais, potentes amplificadoras, intensificam o antagonismo político e a disseminação de mensagens de ódio.
c) Reconhecer o outro como adversário legítimo, e não inimigo, é fundamental para salvar a democracia plural.
d) A resistência intelectual, empreendida por pensadores democráticos e movimentos civis, é ferramenta vital para preservar valores como respeito, igualdade e convivência democrática.
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