segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Polícia Civil apura sabotagem de ex-funcionários contra empresa de tecnologia no RJ

Foto de Arquivo: Tecnologia a Informação e segurança dos dados.

Por Evandro Brasil 

A Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpriu neste domingo (3) mandados de busca e apreensão em seis endereços nas regiões da Zona Norte e da Baixada Fluminense. A ação faz parte da Operação Gênesis e teve como alvos três ex-funcionários de uma empresa de proteção digital: Adriano Alves Passos Junior, Lucas Vital Alves da Silva e Eduardo Junior Dias dos Santos Moreira.


"Estamos diante de um caso que escancara os riscos da confiança empresarial mal administrada. Em um setor estratégico como o da tecnologia, a traição de colaboradores pode causar prejuízos incalculáveis – não apenas financeiros, mas também em relação à segurança de dados e à soberania digital."


Segundo a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), os três são suspeitos de envolvimento direto na exclusão intencional de uma plataforma de inteligência artificial avaliada em R$ 10 milhões. A tecnologia estava prestes a ser lançada no mercado, com potencial de atingir cerca de 20 milhões de usuários.


"Uma plataforma de inteligência artificial com esse valor de mercado e essa projeção de alcance precisa ter protocolos rígidos de segurança e gestão de risco. Isso levanta uma questão: onde estavam os mecanismos de prevenção da empresa para evitar que três funcionários tivessem tanto poder de destruição?"


As investigações apontam que Adriano e Lucas usaram os computadores corporativos para deletar arquivos internos cruciais, como dados de construção da plataforma, fluxos de processamento e tarefas do projeto. Lucas, em especial, teria exportado senhas do sistema sem autorização e, logo após se demitir, tentou acessar a plataforma novamente para verificar o sucesso da ação criminosa.


"O fato de um ex-funcionário tentar invadir o sistema após se desligar da empresa mostra não apenas má-fé, mas também uma falha grave no controle de acessos. Isso deveria servir de alerta para todas as empresas que lidam com tecnologia: a segurança digital começa com a gestão de pessoas."


Embora não tenha participado diretamente da exclusão da plataforma, Eduardo teria tido papel ativo na articulação do grupo. Ele, assim como os demais, é investigado por crimes como organização criminosa, concorrência desleal, invasão de dispositivo informático com agravantes e apropriação indébita qualificada.


"O envolvimento de Eduardo mesmo sem executar a sabotagem mostra que o problema vai além da execução do crime. O planejamento prévio, as conversas, os CNPJs abertos, tudo indica intenção clara de destruir uma empresa e se beneficiar disso. Isso não é apenas crime: é deslealdade profissional no nível mais grave."


Mensagens interceptadas pela Polícia Civil revelam que os três discutiram antecipadamente os passos do ataque, consideraram contar ou não à chefia sobre o ocorrido, e chegaram a planejar a fundação de suas próprias empresas. Dois deles, inclusive, abriram CNPJs recentemente, reforçando a suspeita de concorrência desleal com uso de tecnologia alheia.


"Infelizmente, o Brasil ainda carece de uma cultura empresarial que valorize a ética profissional como prioridade. A criação de empresas próprias a partir do roubo de tecnologia é uma prática que precisa ser duramente punida, inclusive como forma de proteger o ecossistema de inovação no país."


O único membro da equipe que permaneceu na empresa revelou que os ex-colegas tentaram convencê-lo a participar do esquema, oferecendo-lhe a promessa de um novo emprego. Para os investigadores, isso reforça a tese de uma migração coletiva com possível apropriação de ativos e conhecimento sigiloso da empresa.


"Esse relato é emblemático. Mostra como o aliciamento interno funciona: promessas, sedução profissional e sabotagem. É uma forma de corrupção corporativa que pode destruir anos de trabalho e pesquisa em poucos cliques."


Apesar de notificados para devolver os notebooks da empresa, os investigados não entregaram os equipamentos. Esses dispositivos continham dados sensíveis, como códigos-fonte, documentos estratégicos e informações que podem comprovar os crimes cometidos. Há ainda indícios de que os investigados usaram seus celulares pessoais para acessar, armazenar e compartilhar os dados ilegalmente.


"Aqui entra outro ponto essencial: as empresas precisam separar completamente o uso de equipamentos pessoais dos ambientes corporativos. A falta de controle sobre isso compromete não só os processos, mas também a segurança jurídica da organização."


Durante o cumprimento dos mandados, os agentes da DRCI apreenderam notebooks corporativos e pessoais, além de celulares, nos bairros de São João de Meriti, Méier e Cachambi. Adriano e Lucas foram levados à delegacia para prestar depoimento.


 "Que esse caso sirva como exemplo para empresas e instituições públicas: segurança da informação deve ser tratada com o mesmo rigor que a segurança patrimonial. Sabotagem digital não é só um problema técnico, é uma ameaça real à economia e à inovação tecnologica em nosso país."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Amigo(a) visitante, agora contribua deixando aqui o seu comentário.

Poesia: Rio de Janeiro, Coração do Brasil

Foto de Arquivo: Belezas naturais do Rio de Janeiro   Poesia  Autor: Evandro Brasil  Estes versos foram escritos em um momento de reflexão s...