Como cidadão e observador atento dos acontecimentos recentes, sinto a necessidade de expressar minha profunda preocupação e desapontamento com a aprovação, em primeiro turno, do projeto de lei que propõe terceirizar a gestão das escolas públicas no Paraná. É lamentável que, em um dia marcado por protestos intensos e tumultos, a Assembleia Legislativa tenha escolhido avançar com uma proposta tão controversa e potencialmente danosa para a educação pública, sem a devida consideração e debate que o tema exige.
A maneira apressada com que o projeto foi apresentado e votado em regime de urgência levanta sérias questões sobre a transparência e o respeito pelo processo democrático. A educação pública, um dos pilares mais importantes de qualquer sociedade, merece ser tratada com cuidado, atenção e, acima de tudo, respeito às vozes daqueles que estão diretamente envolvidos e afetados — os professores, estudantes e suas famílias.
A invasão da Assembleia por manifestantes, em sua maioria professores, é um reflexo claro do descontentamento e da desesperança que a proposta gerou. Os educadores, que dedicam suas vidas ao ensino e à formação das futuras gerações, não deveriam ser forçados a recorrer a medidas extremas para serem ouvidos. O confronto com a Polícia Militar e o uso de bombas de gás são cenas que não deveríamos testemunhar em um país que se orgulha de sua democracia e direitos civis.
Ademais, a decisão de suspender a sessão presencial e continuar a análise da matéria em uma sessão remota, tomada pelo presidente da Alep, deputado Ademar Traiano, parece mais uma manobra para silenciar a oposição e evitar o confronto direto com os manifestantes. É um triste indicativo de que o diálogo e a busca por consenso estão sendo deixados de lado em prol de decisões unilaterais e apressadas.
É fundamental que temas de tamanha relevância sejam debatidos amplamente, com a participação de todos os segmentos da sociedade, especialmente daqueles que serão mais impactados pelas mudanças. A terceirização da gestão das escolas públicas não é apenas uma questão administrativa; é uma questão que afeta a qualidade do ensino, a segurança dos estudantes e as condições de trabalho dos professores.
Espero sinceramente que, ao voltar para a Comissão de Constituição e Justiça para a análise das emendas, o projeto seja revisado com a seriedade e a profundidade que merece. A educação pública não pode ser tratada como uma mercadoria passível de terceirização, mas sim como um direito fundamental que precisa ser preservado e fortalecido. Que os deputados tenham a sabedoria de ouvir as vozes dos educadores e da população, colocando o interesse público acima de quaisquer outros interesses.
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