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Compra de votos: um problema no processo eleitoral brasileiro

Foto de arquivo. Ministério Público do Estado do Ceará 


Ao analisar a questão da corrupção eleitoral, especialmente a prática da compra de votos, percebo que esta é uma das condutas mais repudiadas pelos eleitores. Essa percepção é confirmada por uma pesquisa contratada pelo Instituto Não Aceito Corrupção (Inac), realizada entre março e maio deste ano. A pesquisa investigou a aceitação de práticas corruptas na sociedade e revelou que, além da compra de votos, os eleitores também desaprovam fortemente a existência de funcionários fantasmas, a prática da rachadinha e o nepotismo.

Durante minha análise, considero o levantamento feito pela empresa Ágora Pesquisa, que entrevistou 2.026 eleitores de diversas regiões, classes sociais e gêneros, com idades entre 16 e 75 anos. Um dado que chamou minha atenção foi que 62% dos entrevistados conhecem alguém que trocou o voto por dinheiro, e 54% relataram ter sofrido pelo menos uma tentativa direta de corrupção eleitoral nos últimos dez anos. Esses números são alarmantes e mostram a extensão do problema.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) define a compra de votos como a doação, oferta, promessa ou entrega de qualquer bem ou vantagem pessoal ao eleitor para obter seu voto. Isso pode incluir desde dinheiro até promessas de emprego ou funções públicas. Analisando o levantamento do Inac, vejo que ele mapeou o preço médio do voto em diferentes regiões do Brasil: R$ 124,62 no Nordeste, R$ 138,83 no Norte, R$ 139,58 no Sudeste, R$ 140,54 no Centro-Oeste, e R$ 142,88 no Sul. Esses valores ilustram uma triste realidade sobre a mercantilização do voto no país.

Esses dados, de fato, evidenciam a falência da Justiça Eleitoral no Brasil em coibir essa prática. A compra de votos é algo real e concreto. Refletindo sobre isso, percebo a gravidade da situação e a necessidade urgente de medidas eficazes para combater a corrupção eleitoral.

Outra questão relevante que analiso é a eficácia dos canais de denúncia. Apenas 20% dos entrevistados afirmaram conhecer e confiar nesses canais. Isso significa que oito em cada dez entrevistados ou não conhecem os canais de denúncia, ou acreditam que eles não funcionam, ou conhecem genericamente sem saber identificar quais são esses canais. Esse descrédito nos mecanismos de denúncia é um obstáculo significativo na luta contra a corrupção eleitoral.

Concluindo minha análise, vejo que os eleitores brasileiros enfrentarão um grande desafio ao voltar às urnas este ano para escolher prefeitos e vereadores em mais de cinco mil cidades do país. A corrupção eleitoral não só mina a confiança nas instituições democráticas, mas também afeta diretamente a qualidade da representação política. A conscientização e a participação ativa dos eleitores são importantíssimo para promover mudanças e fortalecer a democracia no Brasil.


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