Por Evandro Brasil
Dinheiro em Casa: Falo aqui com a responsabilidade de quem acompanha a política brasileira há anos e acredita que mandato não é escudo contra a lei.
O caso envolvendo o deputado Sóstenes Cavalcante é grave e não pode ser tratado com narrativas prontas de perseguição política. Quando surgem indícios concretos, como a apreensão de R$ 430 mil em dinheiro vivo, a sociedade espera explicações técnicas, documentais e convincentes — não discursos ideológicos ou ataques genéricos à esquerda, ao Judiciário ou às instituições.
Até aqui, a tentativa de justificar a origem do dinheiro não convenceu. E não convenceu porque política séria não se sustenta em versões frágeis, mas em provas. Se o dinheiro é lícito, isso precisa ser demonstrado de forma clara, objetiva e transparente. Simples assim.
Caso fique comprovado o desvio de recursos públicos, espero — como cidadão — que a punição seja exemplar, independentemente de partido, cargo ou alinhamento ideológico. O Brasil já sofreu demais com a naturalização da corrupção seletiva, onde alguns são punidos e outros tentam se esconder atrás de bandeiras morais.
Há um agravante que não pode ser ignorado. Sóstenes se apresenta como representante político dos evangélicos, e ocupa posição de destaque nesse campo. Se as irregularidades forem confirmadas, não será apenas um parlamentar em falta — será alguém comprometendo a imagem de milhões de evangélicos honestos, que trabalham, pagam impostos e não se reconhecem nesse tipo de conduta.
Não se pode usar a fé como escudo político. Liderança religiosa exige exemplo, não contradição.
Também é público que Sóstenes é homem de confiança de Silas Malafaia e do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. Isso torna o caso ainda mais relevante, porque expõe uma rede de influência que sempre se apresentou como defensora da moral, dos bons costumes e do combate à corrupção. Justamente por isso, a cobrança precisa ser maior, não menor.
Criticar essa conduta não é atacar a fé, nem criminalizar evangélicos. Pelo contrário: é defender a fé contra seu uso político indevido.
Se houver culpa, que a lei seja aplicada com rigor.
Se houver inocência, que ela seja provada com documentos.
O que não dá mais é aceitar que toda investigação vire “perseguição” e toda prova vire “narrativa”. Democracia se sustenta com verdade, responsabilidade e justiça.
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