sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Juros Altos, Inflação Controlada e o Avanço do Rentismo no Brasil



Por Evandro Brasil

Economia: Tenho acompanhado atentamente os dados da economia brasileira e, quanto mais observo, mais evidente fica uma contradição que precisa ser debatida com seriedade. Vivemos um momento de desemprego em queda, atividade econômica em movimento, bolsa de valores em alta e, ainda assim, convivemos com uma taxa de juros do Banco Central acima de 15% ao ano. Isso não é normal.

A inflação atual gira em torno de 4,46%, abaixo do que muitos economistas previam em nosso país. Aliás, é preciso dizer com clareza: boa parte das previsões inflacionárias, que essa gente fez, falhou. O aumento de preços foi menor do que o esperado, mesmo com a economia funcionando. Isso mostra que o discurso do “risco inflacionário iminente” não se confirmou na prática.

Ainda assim, o país segue refém de juros extremamente elevados, gerando um juro real superior aos 12% - que foi a referência prevista na promulgação de nossa Constituição Federal - um dos maiores do mundo. Essa política monetária não encontra respaldo sólido nos dados atuais e acaba produzindo efeitos perversos sobre a sociedade.


Quem ganha com juros altos?

A resposta é direta: o rentismo. Você já ouviu falar em rentismo?

Rentismo é um modelo econômico no qual o lucro não vem da produção, do trabalho, da inovação ou do empreendedorismo, mas sim da remuneração do dinheiro pelo próprio dinheiro. Em outras palavras, ganha mais quem vive de juros, títulos públicos, aplicações financeiras e especulação, sem gerar empregos, sem produzir bens ou serviços e sem movimentar a economia real. Essa taxa de juros faz com que os ricos fiquem cada vez mais ricos, enquanto os pobres, ficam cada vez mais pobres.

Quando a taxa de juros é mantida artificialmente alta, o Estado passa a transferir uma enorme quantidade de recursos públicos para esse grupo rentista, elevando cada vez mais a dívida publica É dinheiro que sai:

- do orçamento público,

- dos impostos pagos pela população,

- e do crédito, que fica mais caro para empresas e famílias, para garantir rentabilidade elevada ao capital financeiro.



O impacto na vida real

Enquanto o rentismo prospera, a economia produtiva sofre. Juros altos:

- dificultam o acesso ao crédito,

- travam investimentos,

- encarecem financiamentos,

- freiam o crescimento das pequenas e médias empresas,

- e limitam a geração de empregos de qualidade.

Ou seja, favorecem poucos e penalizam muitos.



Uma política desconectada da realidade

Defender juros acima de 15% com inflação controlada é insistir em uma lógica que não dialoga com a realidade social do país. Não se trata apenas de um debate técnico, mas de uma escolha política e econômica que define quem paga a conta e quem se beneficia.

O Brasil precisa urgentemente discutir um modelo de desenvolvimento que priorize:

- a produção,

- o emprego,

- a renda,

- e o crescimento sustentável, e não a perpetuação de um sistema que recompensa o rentismo e sufoca a economia real.

Enquanto essa discussão não for feita com transparência, seguiremos presos a uma política monetária que favorece o mercado financeiro e limita o futuro do nosso país.

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