domingo, 28 de dezembro de 2025

A crise operacional, financeira e institucional que afeta os Correios



Por Evandro Brasil 

Correios: A crise dos Correios não aconteceu por acaso nem pode ser explicada por um único fator. Ela é resultado da combinação entre mudanças no mercado, avanço das grandes plataformas privadas de comércio eletrônico e decisões políticas tomadas, principalmente, sob a influência da extrema direita nos últimos anos. Esses três elementos se conectam e ajudam a entender o enfraquecimento da empresa pública.


1. Shopee e Mercado Livre: concorrência desigual

Plataformas como Shopee e Mercado Livre cresceram rapidamente no Brasil impulsionadas pelo comércio digital, pela logística própria e por parcerias com transportadoras privadas. Diferente dos Correios, essas empresas:

- Não têm obrigação de atender todo o território nacional;

- Focam apenas nas rotas lucrativas;

- Pagam menos tributos proporcionalmente;

- Utilizam modelos de trabalho mais precarizados.

Enquanto isso, os Correios continuam cumprindo uma função social, entregando cartas, encomendas e serviços em regiões onde nenhuma empresa privada quer operar, como áreas rurais, periferias e cidades pequenas. Isso cria uma concorrência injusta, pois o lucro fica com o setor privado e o custo social permanece com o Estado.


2. O papel da extrema direita e o projeto de enfraquecimento do Estado

Durante os governos alinhados à extrema direita, especialmente nas gestões de Michel Temer e Jair Bolsonaro, os Correios passaram a ser tratados não como um patrimônio público estratégico, mas como um “problema” a ser resolvido pelo mercado. O discurso foi claro:

Empresa pública não funciona, tem que privatizar.”

Na prática, isso significou:

- Falta de investimentos em tecnologia e logística;

- Tentativas constantes de privatização;

- Enfraquecimento da imagem institucional da empresa;

- Desvalorização dos trabalhadores e da gestão técnica.

Criou-se um ambiente político de sabotagem, no qual a empresa era empurrada para o prejuízo para justificar sua venda futura.


3. O abandono da função estratégica dos Correios

Os Correios não são apenas uma empresa de entregas. Eles cumprem funções essenciais:

✓ Distribuição de livros didáticos;

✓ Entrega de provas do ENEM e concursos;

✓ Apoio a políticas públicas;

✓ Inclusão logística de regiões esquecidas pelo mercado.

Quando governos deixam de enxergar isso e passam a tratar a empresa apenas sob a lógica do lucro imediato, o resultado é previsível: crise operacional, financeira e institucional.


4. Crise fabricada

É importante dizer com clareza: a crise dos Correios não é prova de incompetência pública, mas consequência de:

- Concorrência predatória de grandes plataformas;

- Decisões políticas ideológicas;

- Falta de um projeto nacional de logística e soberania.

Enquanto Shopee e Mercado Livre lucram bilhões no Brasil, grande parte desse dinheiro não fica no país, não fortalece políticas públicas e não gera desenvolvimento equilibrado.

"A crise dos Correios é o retrato de um projeto que coloca o mercado acima do interesse público. Shopee e Mercado Livre representam o novo capitalismo digital; a extrema direita ofereceu o ambiente político ideal para desmontar o Estado; e os Correios ficaram no meio do fogo cruzado, carregando sozinhos a responsabilidade social que o setor privado se recusa a assumir."

Recuperar os Correios não é apenas uma decisão econômica — é uma escolha política sobre que país queremos construir.

..........

Anúncio, Divulgação 



sábado, 27 de dezembro de 2025

Salvar os Correios: por que a modernização da gestão é essencial para recuperar o mercado de entregas no Brasil

 


Por Evandro Brasil 

Correios: Eu defendo, de forma técnica e responsável, que salvar os Correios passa obrigatoriamente por modernizar a gestão, investir em tecnologia logística e romper com práticas políticas ultrapassadas que drenam recursos da empresa sem entregar resultados concretos à sociedade.

Os Correios sempre tiveram um papel estratégico no Brasil. São a única empresa logística com presença nacional plena, inclusive em regiões onde o setor privado não tem interesse econômico. Ainda assim, perderam espaço no mercado de entregas, especialmente com o crescimento acelerado do e-commerce, não por incapacidade operacional, mas por gestão ineficiente e decisões políticas equivocadas.


Correios e o mercado de entregas: um erro estratégico histórico

O setor de logística e transporte de encomendas é hoje um dos mais competitivos e tecnológicos do mundo. Roteirização inteligente, automação de centros de distribuição, rastreamento em tempo real e análise de dados são elementos básicos. Enquanto isso, os Correios ficaram presos a modelos antigos de administração e a uma estrutura excessivamente burocrática.

Na minha avaliação, um dos maiores problemas é a interferência política na gestão da empresa. Muitos políticos se preocupam mais em fazer indicações para cargos estratégicos do que em apresentar metas, indicadores de desempenho e compromisso com resultados. Esse modelo de aparelhamento sangra os recursos dos Correios, compromete a eficiência operacional e afasta a empresa da lógica moderna de mercado.

Empresa pública não pode ser tratada como espaço de acomodação política. Precisa ser tratada como ativo estratégico nacional.



Gestão profissional e meritocracia como ponto de virada

Defendo que os Correios adotem um modelo de gestão profissional, com critérios técnicos, metas claras e avaliação constante de desempenho. Isso significa:

✓ Fim de indicações políticas sem qualificação técnica

✓ Diretoria com experiência em logística, tecnologia e gestão empresarial

✓ Metas públicas de eficiência, prazo de entrega e redução de custos

✓ Transparência nos resultados

Sem isso, qualquer debate sobre privatização ou estatização se torna vazio. O problema central não é o modelo jurídico, mas a qualidade da gestão.



Transformação digital e logística inteligente

Não existe futuro para os Correios sem transformação digital. A empresa precisa operar como uma plataforma logística integrada, com uso intensivo de tecnologia:

✓ Big data para otimização de rotas

✓ Inteligência artificial para previsão de demanda

✓ Automação de centros de triagem

✓ Aplicativos modernos com rastreamento em tempo real

O crescimento do comércio eletrônico, dos marketplaces e dos pequenos empreendedores exige uma empresa ágil, flexível e conectada. Os Correios têm estrutura, capilaridade e marca. Falta gestão moderna.



Função social com sustentabilidade econômica

Outro ponto que faço questão de destacar é que eficiência e função social não são opostas. Pelo contrário. Um Correio forte economicamente consegue cumprir melhor sua missão pública, garantindo:

✓ Entregas em áreas remotas

✓ Apoio à saúde, educação e serviços públicos

✓ Inclusão logística para pequenos negócios

O que não pode continuar é o uso político da empresa, que gera prejuízo, sucateamento e discurso fácil, mas não resolve o problema real.



Salvar os Correios é uma decisão estratégica para o Brasil

Na minha visão, salvar os Correios é uma decisão estratégica para o desenvolvimento nacional. O Brasil precisa de uma empresa pública moderna, eficiente, tecnológica e blindada contra indicações políticas irresponsáveis.

Enquanto políticos se preocuparem mais com cargos do que com resultados, os Correios continuarão perdendo mercado. Quando a prioridade passar a ser gestão, tecnologia e compromisso com a população, a empresa pode — e deve — voltar a liderar o mercado de entregas no Brasil.

Defender os Correios não é defender o passado.

É defender um futuro logístico eficiente, soberano e a serviço do país.

...........

Anúncio, Divulgação 



sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Juros Altos, Inflação Controlada e o Avanço do Rentismo no Brasil



Por Evandro Brasil

Economia: Tenho acompanhado atentamente os dados da economia brasileira e, quanto mais observo, mais evidente fica uma contradição que precisa ser debatida com seriedade. Vivemos um momento de desemprego em queda, atividade econômica em movimento, bolsa de valores em alta e, ainda assim, convivemos com uma taxa de juros do Banco Central acima de 15% ao ano. Isso não é normal.

A inflação atual gira em torno de 4,46%, abaixo do que muitos economistas previam em nosso país. Aliás, é preciso dizer com clareza: boa parte das previsões inflacionárias, que essa gente fez, falhou. O aumento de preços foi menor do que o esperado, mesmo com a economia funcionando. Isso mostra que o discurso do “risco inflacionário iminente” não se confirmou na prática.

Ainda assim, o país segue refém de juros extremamente elevados, gerando um juro real superior aos 12% - que foi a referência prevista na promulgação de nossa Constituição Federal - um dos maiores do mundo. Essa política monetária não encontra respaldo sólido nos dados atuais e acaba produzindo efeitos perversos sobre a sociedade.


Quem ganha com juros altos?

A resposta é direta: o rentismo. Você já ouviu falar em rentismo?

Rentismo é um modelo econômico no qual o lucro não vem da produção, do trabalho, da inovação ou do empreendedorismo, mas sim da remuneração do dinheiro pelo próprio dinheiro. Em outras palavras, ganha mais quem vive de juros, títulos públicos, aplicações financeiras e especulação, sem gerar empregos, sem produzir bens ou serviços e sem movimentar a economia real. Essa taxa de juros faz com que os ricos fiquem cada vez mais ricos, enquanto os pobres, ficam cada vez mais pobres.

Quando a taxa de juros é mantida artificialmente alta, o Estado passa a transferir uma enorme quantidade de recursos públicos para esse grupo rentista, elevando cada vez mais a dívida publica É dinheiro que sai:

- do orçamento público,

- dos impostos pagos pela população,

- e do crédito, que fica mais caro para empresas e famílias, para garantir rentabilidade elevada ao capital financeiro.



O impacto na vida real

Enquanto o rentismo prospera, a economia produtiva sofre. Juros altos:

- dificultam o acesso ao crédito,

- travam investimentos,

- encarecem financiamentos,

- freiam o crescimento das pequenas e médias empresas,

- e limitam a geração de empregos de qualidade.

Ou seja, favorecem poucos e penalizam muitos.



Uma política desconectada da realidade

Defender juros acima de 15% com inflação controlada é insistir em uma lógica que não dialoga com a realidade social do país. Não se trata apenas de um debate técnico, mas de uma escolha política e econômica que define quem paga a conta e quem se beneficia.

O Brasil precisa urgentemente discutir um modelo de desenvolvimento que priorize:

- a produção,

- o emprego,

- a renda,

- e o crescimento sustentável, e não a perpetuação de um sistema que recompensa o rentismo e sufoca a economia real.

Enquanto essa discussão não for feita com transparência, seguiremos presos a uma política monetária que favorece o mercado financeiro e limita o futuro do nosso país.

...........

Anúncio, Divulgação 




domingo, 21 de dezembro de 2025

Não é perseguição, é responsabilidade: minha posição sobre o caso Sóstenes Cavalcante



Por Evandro Brasil 

Dinheiro em Casa: Falo aqui com a responsabilidade de quem acompanha a política brasileira há anos e acredita que mandato não é escudo contra a lei.

O caso envolvendo o deputado Sóstenes Cavalcante é grave e não pode ser tratado com narrativas prontas de perseguição política. Quando surgem indícios concretos, como a apreensão de R$ 430 mil em dinheiro vivo, a sociedade espera explicações técnicas, documentais e convincentes — não discursos ideológicos ou ataques genéricos à esquerda, ao Judiciário ou às instituições.

Até aqui, a tentativa de justificar a origem do dinheiro não convenceu. E não convenceu porque política séria não se sustenta em versões frágeis, mas em provas. Se o dinheiro é lícito, isso precisa ser demonstrado de forma clara, objetiva e transparente. Simples assim.

Caso fique comprovado o desvio de recursos públicos, espero — como cidadão — que a punição seja exemplar, independentemente de partido, cargo ou alinhamento ideológico. O Brasil já sofreu demais com a naturalização da corrupção seletiva, onde alguns são punidos e outros tentam se esconder atrás de bandeiras morais.

Há um agravante que não pode ser ignorado. Sóstenes se apresenta como representante político dos evangélicos, e ocupa posição de destaque nesse campo. Se as irregularidades forem confirmadas, não será apenas um parlamentar em falta — será alguém comprometendo a imagem de milhões de evangélicos honestos, que trabalham, pagam impostos e não se reconhecem nesse tipo de conduta.

Não se pode usar a fé como escudo político. Liderança religiosa exige exemplo, não contradição.

Também é público que Sóstenes é homem de confiança de Silas Malafaia e do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. Isso torna o caso ainda mais relevante, porque expõe uma rede de influência que sempre se apresentou como defensora da moral, dos bons costumes e do combate à corrupção. Justamente por isso, a cobrança precisa ser maior, não menor.

Criticar essa conduta não é atacar a fé, nem criminalizar evangélicos. Pelo contrário: é defender a fé contra seu uso político indevido.

Se houver culpa, que a lei seja aplicada com rigor.

Se houver inocência, que ela seja provada com documentos.

O que não dá mais é aceitar que toda investigação vire “perseguição” e toda prova vire “narrativa”. Democracia se sustenta com verdade, responsabilidade e justiça.

.............

Anúncio, Divulgação 



domingo, 14 de dezembro de 2025

A retirada da escolta da deputada Talíria Petrone é um ato grave, covarde e inaceitável



Por Evandro Brasil 

Risco: A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, de retirar a escolta da Polícia Legislativa Federal da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) não é apenas um erro administrativo: é um gesto político grave, irresponsável e perigoso.

Trata-se de uma parlamentar que sofre ameaças de morte desde o início do mandato, com investigações ainda em curso na Polícia Federal e na Polícia Civil. Não houve comunicação prévia, não houve apresentação de parecer técnico, não houve qualquer demonstração de que os riscos cessaram. Houve, sim, uma decisão unilateral, tomada no momento exato em que Talíria intensificou críticas à condução da Casa e se posicionou contra pautas defendidas pelo presidente da Câmara e seus aliados.

O timing fala por si. E, quando o contexto grita, o silêncio institucional se transforma em cumplicidade.

Em um país onde circulam milhões de armas nas mãos de pessoas desequilibradas, estimuladas por discursos de ódio e intolerância, retirar a proteção de uma parlamentar ameaçada é assumir, sim, responsabilidade direta por qualquer maldade que venha a ser cometida contra ela. Não se trata de retórica. Trata-se de realidade.

A presidência da Câmara não pode ser usada como instrumento de retaliação política. Divergência ideológica não autoriza colocar a vida de ninguém em risco. Isso ultrapassa qualquer disputa partidária e atinge o núcleo da democracia: o direito de exercer o mandato com segurança e liberdade.

É inaceitável que Hugo Motta e seus amiguinhos da extrema direita e do centrão normalizem esse tipo de prática. O Parlamento não pode se transformar em um espaço onde quem enfrenta o poder é punido com a própria vulnerabilidade física.

Essa atitude revela algo ainda mais profundo: a covardia política. A falta de empatia é, historicamente, uma característica comum nos covardes. E a covardia nunca foi, nem nunca será, compatível com a racionalidade e a responsabilidade que esperamos dos representantes do povo brasileiro.

Democracia não combina com intimidação. Divergência não se resolve com desproteção. E o cargo de presidente da Câmara exige grandeza — não vingança.

.............

Anúncio, Divulgação 



sábado, 13 de dezembro de 2025

Cultura, memória e orçamento público: por que não dizer não ao show de Roberto Carlos em Caxias

 


Por Evandro Brasil 

Cultura: Roberto Carlos fará um show gratuito em Duque de Caxias no dia 28 de dezembro. Confesso que esse anúncio despertou em mim sentimentos profundos. Lamento, do fundo do coração, que minha mãe e minha tia não estejam mais aqui para ver o Rei cantar ao vivo em nossa cidade. Para elas — e para tantos brasileiros — Roberto Carlos sempre foi mais do que um cantor: foi trilha sonora de vidas inteiras.

Nos últimos dias, alguns amigos têm me chamado no WhatsApp pedindo que eu me manifeste contra esse show. Pedem, inclusive, que eu diga que seria melhor investir em saúde do que realizar um evento cultural desse porte. Mas, sinceramente, como eu poderia, neste momento, dizer não ao show do Roberto Carlos em Caxias?

Minha formação básica é na área da Comunicação Social e da Produção de Eventos. Sou um ser forjado na cultura. Tenho profundo respeito por aqueles que fazem cultura e por tudo o que ela representa para uma sociedade. Cultura não é luxo, não é supérfluo: é identidade, é pertencimento, é memória coletiva.

O dinheiro que financia a cultura deve, sim, ser gasto com cultura. Da mesma forma, o dinheiro que financia a saúde deve ser gasto com saúde. O mesmo vale para a segurança pública, habitação, mobilidade urbana, segurança alimentar e tantas outras áreas essenciais. Para isso existe um instrumento fundamental chamado orçamento público, que prevê fontes, rubricas e destinações específicas para cada política pública.

Desde que haja transparência, planejamento e respeito ao orçamento, não vejo problema algum na prefeitura realizar um show com Roberto Carlos, João Gomes e Zeca Pagodinho — três ícones da música popular brasileira, cada um representando estilos diferentes e dialogando com públicos diversos.

Quanto ao investimento em saúde, é evidente que ele é fundamental e inegociável. Mas a população também precisa de cultura. Muitos duque-caxienses não enfrentam problemas graves de saúde, mas também não têm condições financeiras de pagar ingressos para assistir a um show dessas proporções. Levar cultura gratuitamente à população também é uma forma de inclusão social.

Aqui faço coro com meu amigo Vicente Portella e aproveito para conclamar os governantes a darem mais oportunidades aos músicos da nossa cidade, abrindo espaço para que talentos locais também se apresentem nos palcos dos eventos oficiais de Duque de Caxias. Cultura se fortalece quando valoriza o local sem deixar de dialogar com aquilo que é produzir em outras regiões do nosso Estado e do nosso País.

O que chama atenção — e chega a ser curioso — é que muitos dos que hoje criticam esse evento, até poucos dias atrás, mamavam nas tetas da prefeitura, ocupavam cargos e tratavam a coisa pública como extensão da vida privada. Agora, posam de fiscais da moral e do orçamento.

Minha autonomia intelectual e política me permite afirmar, sem constrangimento algum, que uma cidade com um orçamento anual em torno de 5 bilhões de reais pode, sim, bancar esse e outros grandes eventos. Mais do que isso: pode e deve investir em cultura como estratégia de valorização da cidade, fortalecimento da identidade local e fomento ao turismo em Duque de Caxias.

Saúde é prioridade. Cultura também é direito. Uma coisa não exclui a outra quando há seriedade, planejamento e compromisso com o interesse público.

............

Anúncio, Divulgação 



Ética: um dever inegociável de todo cidadão, sobretudo do homem público

 


Por Evandro Brasil 

Comportamento: A ética deveria ser um valor básico na vida de qualquer pessoa. Ela orienta comportamentos, define limites e sustenta a confiança nas relações sociais. No entanto, quando falamos de homens e mulheres que exercem cargos públicos, a ética deixa de ser apenas uma virtude desejável e passa a ser uma obrigação moral e institucional.

Vereadores, deputados, prefeitos, governadores, senadores, o presidente da República, ministros e secretários, em todas as esferas de governo, não representam apenas a si mesmos. Eles representam o Estado, as instituições e, sobretudo, o povo que os elegeu ou que é impactado diretamente por suas decisões. Por isso, espera-se dessas autoridades um comportamento exemplar, transparente e responsável.

Infelizmente, o que temos visto com frequência é o oposto. O caso do deputado Filipe Poubel, acusado de apresentar um atestado médico falso para não comparecer a uma audiência judicial, é mais um episódio que escancara o desrespeito às leis e à ética pública. Ainda que as acusações precisem ser apuradas com rigor e respeito ao devido processo legal, o simples fato de existirem já causa enorme desgaste à imagem do Parlamento e aprofunda a descrença da população na política.

Esse não é um caso isolado. Muitos parlamentares são flagrados mentindo deliberadamente, distorcendo fatos e divulgando notícias falsas para enganar a população, ganhar engajamento nas redes sociais ou atacar adversários políticos. A mentira, que deveria ser reprovada em qualquer ambiente, tornou-se uma ferramenta recorrente na atuação de parte da classe política. E isso é extremamente grave.

A disseminação de fake news por agentes públicos corrói a democracia, enfraquece as instituições e gera um ambiente de desinformação que prejudica diretamente a sociedade. Quando um parlamentar mente, ele não comete apenas uma falha moral; ele trai a confiança de quem o elegeu e compromete o funcionamento do Estado democrático de direito.

É urgente que a ética volte a ser um princípio norteador da vida pública. Isso passa pela atuação firme da Justiça, dos órgãos de controle e das próprias Casas Legislativas, que não podem ser coniventes com comportamentos antiéticos. Mas passa, principalmente, pela consciência e pela pressão da sociedade.

O Brasil não precisa de políticos perfeitos, mas precisa, com urgência, de políticos honestos, responsáveis e comprometidos com a verdade. Sem ética, a política não é legítima. Sem ética, não há democracia saudável. E sem ética na vida pública, quem paga a conta, mais uma vez, é o povo.

.............

Anúncio, Divulgação



sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

A Verdade Sobre o Orçamento Secreto: Até Onde Vai a Impunidade?

Tuca, alvo de operação da PF na câmara dos deputados federais. Funcionária da liderança do PP na câmara e ex-assessora de Arthur Lira. Reprodução. Investigações apontam que ela desempenhava papel relevante na liberação de recursos das emendas secretas.

Por Evandro Brasil 

Brasília: Quando li no jornal sobre a operação da Polícia Federal que teve como alvo a assessora parlamentar ligada ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, confesso que fiquei surpreso. Não apenas pelo fato em si, mas pelo tamanho do impacto político que essa ação provocou dentro do próprio Congresso Nacional. A cada nova revelação, fica evidente que há algo muito mais profundo e obscuro por trás da distribuição das emendas do chamado orçamento secreto.

O que me chama atenção é esse “clima de guerra” que muitos parlamentares insistem em mencionar. Guerra por quê? Guerra entre quem? Para mim, soa muito mais como um desespero de quem teme que a verdade finalmente venha à tona. Quando deputados dizem que “muita gente está preocupada”, isso, por si só, já é revelador.

A reação de alguns congressistas contra o ministro Flávio Dino também expõe um incômodo evidente. Parece que, para certos setores, investigar é uma afronta; punir é perseguição; e exigir transparência é quase um crime. Essa narrativa serve apenas para proteger velhos interesses e manter a velha política funcionando.

E o que dizer da situação política da Câmara nesta semana? Transformaram a cassação de Glauber Braga em suspensão, enquanto livraram Carla Zambelli. Tudo isso reforça a sensação de que o Centrão opera conforme seus próprios interesses — e não conforme a moralidade que o povo brasileiro espera.

A assessora apontada como peça-chave de toda essa engrenagem é descrita como “querida” e eficiente intermediária de pedidos. O problema é que eficiência, sem transparência, pode virar instrumento de favorecimento. E as anotações encontradas pela PF, que mostram recursos sendo destinados segundo conveniências privadas e não projetos sérios, deixam tudo ainda mais grave.

Eu penso, sinceramente, que as investigações precisam ir até o fundo — sem medo, sem blindagem e sem acordos de bastidores. O Brasil já pagou um preço alto demais pela impunidade de uns poucos. Agora, é hora de responsabilizar todos aqueles que agiram à margem da lei. Seja quem for.

Afinal, o dinheiro público pertence ao povo — e não aos donos do orçamento secreto.

..............

Anúncio, Divulgação 



A crise operacional, financeira e institucional que afeta os Correios

Por Evandro Brasil  Correios: A crise dos Correios não aconteceu por acaso nem pode ser explicada por um único fator. Ela é resultado da co...