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O orgulho que cega, o olhar covarde

por Evandro Brasil

São dez e meia da noite do dia 7 de outubro, retorno para meu apartamento refletindo sobre alguns acontecimentos que vem mexendo em meu intimo, provocando em alguns momentos manifestos de ansiedade, a qual procuro conter por varias vezes durante meu dia. E falando em dia, tal a intensidade e o volume dos acontecimentos que influenciam minhas manhãs, tardes e noites, tem supostamente muito mais que 24 horas.
Mas nesta viagem de volta pra casa, vejo que andei mais de 300 quilômetros no percurso de Duque de Caxias a Mangaratiba e de Mangaratiba, passando por Itaguaí e Recreio dos Bandeirantes. Olho pela janela do coletivo e observo famílias inteiras perambulando pelas ruas em estado de total fragilidade e de vulnerabilidade social. "Se não é para mudar esse quadro que fazemos política, então o que será que me faz acordar todos os dias e renovar as nossas esperanças na proposta de renovação na politica?"
Muito me dói em saber que neste momento inúmeras famílias, mães, filhos, avós e tantos outros membros de diferentes famílias não tem o que comer antes de dormir, que amanhã esses tantos excluídos não terão o tradicional leite e pão no café da manhã, e que se estes necessitarem de agasalho para aquecer nesta noite fria, eles não o terão. "O que faço eu nesta política de maioria hipócrita, que não conseguem transformar seus discursos em práticas que verdadeiramente venha a mudar a vida desses miseráveis que passam nas ruas invisíveis? Feliz daquele que reconhece um excluído e o trata como igual."
As belas luzes das metrópoles escondem em suas entranhas a miséria, a pobreza, a desesperança, e, ainda o orgulho intelectual e burgues que insiste em fingir que os vidros fechados de seus belos carros os torna diferentes, ou seria, o indiferente. Isso, a indiferença que veda, que cega, que o faz não enxergar o obvio, a fome.
Os novos representantes que nosso povo elegeu no ultimo domingo são a contar daqui os grandes responsáveis por esse quadro miserável que vemos nas esquinas, nas marquises, nos viadutos, nos abrigos dos pontos de ônibus... Dirá um ou outro, mas meu discurso é da água ou da obra etc, uma vez eleito, esse ônus é seu nobre parlamentar, e, a nós caberá apenas cobrar.

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