terça-feira, 18 de junho de 2019

FARMACOLOGIA: Medicamento de referência, genéricos e similares


Citação: PINTO, M. E. T; PIMENTEL, R. S.. Medicamentos de referência, genéricos e similares. Correio Eletrônico: evandrobrasil-rj@hotmail.com. Biomedicina; Disciplina: Farmacologia. Universidade Salgado de Oliveira. Niterói/RJ (2019).



Resumo


Medicamentos de referencia, medicamentos similares e medicamentos genéricos são fármacos produzidos e distribuídos para o consumo no mercado interno brasileiro sob o auspicioso olhar da ANVISA. Estudos e pesquisas indicam que não há diferenças comprometedoras entre tais medicamentos, porém, sempre deve-se estar atento as Boas Práticas de Fabricação e de Laboratórios, pois, na produção podem ocorrer diferenças que comprometam a homogeneização, sejam pelos riscos no processo de biossegurança e principalmente nos manipulados e ou manufaturados. Conhecer as disposições da ANVISA sobre os medicamentos no Brasil, assim como suas classificações é de suma importância para entender qual medicamento adotar, seja pelos profissionais de saúde ao prescrever tal medicação ou pelo próprio paciente no momento da aquisição. Também, por meio das mais variadas analises registradas se faz necessário redobrar os cuidados na substituição de medicamentos na terapêutica crônica ou por tempo prolongado, segundo a sua origem de produção.

Palavras Chaves: Fármacos; Medicamentos; Similares; Genéricos; de Referencia; Posologia; Tratamentos.



Introdução


Os medicamentos de referência, também conhecidos como “de marca”, são remédios que possuem eficácia terapêutica, segurança e qualidade comprovadas cientificamente no momento do registro, junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

Laboratórios farmacêuticos investem anos em pesquisas para desenvolver os medicamentos de referência. Geralmente são medicamentos com novos princípios ativos ou que são novidades no tratamento de doenças. A eficácia e a segurança precisam ser comprovadas.

Em 2003 foi estabelecido um acordo entre a Política Nacional de Medicamentos do Ministério da Saúde e a Lei de criação da ANVISA para redefinir as regras para o registro de medicamentos no Brasil e sua renovação.

Entre as principais regras estão:
1.      Reconhecimento de três categorias fundamentais para o registro de medicamentos: homeopáticos, fitoterápicos e alopáticos.
·         Homeopáticos: são remédios cujos princípios tratam o doente com substâncias em doses pequenas que causam os mesmos sintomas da doença e, dessa forma, estimulando o próprio organismo a se recuperar da doença.

·         Fitoterápicos: são medicamentos obtidos a partir de partes de plantas (raízes, cascas, folhas, sementes), ou plantas inteiras.

·         Alopáticos: são os medicamentos mais receitados pelos profissionais da saúde. Com os alopáticos, uma substância química age diretamente sobre o organismo, provocando um efeito sobre a doença ou o sintoma que se quer combater. Esse tipo de remédio pode ser industrializado ou manipulado de acordo com a necessidade de cada paciente.

2. Verificação da qualidade, segurança e eficácia terapêutica dos remédios dentro das três categorias, por meio de comprovação laboratorial ou de estudos clínicos.


3. Controle da matéria-prima.

Os medicamentos de referência estão aprovados nas três regras e por isso o consumidor pode adquiri-los com segurança.

A inclusão de um produto farmacêutico na Lista de Medicamentos de Referência qualifica-o como parâmetro de qualidade, eficácia e segurança para o registro de medicamentos similares e genéricos no país.

Para selecionar os medicamentos que entrarão na Lista de Medicamentos de Referência, existe a Comissão de Medicamentos de Referência, grupo de trabalho criado pela ANVISA. A comissão avalia as indicações propostas pelas empresas que têm interesse em entrar na lista, mantendo-a atualizada, com dados sobre comercialização e registro.

Os medicamentos similares são identificados pela marca ou nome comercial e possuem a mesma molécula (princípio ativo), na mesma forma farmacêutica e via de administração dos medicamentos de referência. Também são aprovados nos testes de qualidade da ANVISA, em comparação ao medicamento de referência.

A diferença entre os remédios similares e os de referência está relacionada a alguns aspectos como: prazo de validade do medicamento, embalagem, rotulagem, no tamanho e forma do produto.

A equivalência dos medicamentos similares foi possível devido a determinação da Anvisa (2003) de exigir que todos os produtos desta categoria comprovassem a mesma função terapêutica dos medicamentos de referência

De acordo com a proposta que está sob Consulta Pública, os similares deverão incluir em suas embalagens o símbolo “EQ”, que significa equivalente, para ajudar consumidores e médicos a identificarem os produtos que têm comprovação de equivalência e desempenham a mesma função terapêutica.

O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo princípio ativo, na mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência. O genérico já é intercambiável pela norma atual.

Na embalagem do remédio genérico há uma tarja amarela, contendo a letra “G”, e aparece escrito “Medicamento Genérico”. Como esse tipo de medicamento não tem marca, o consumidor tem acesso apenas ao princípio ativo do medicamento.

Os genéricos geralmente são produzidos após a expiração ou renúncia da proteção da patente ou de outros direitos de exclusividade e a aprovação da comercialização é feita pela ANVISA.

Para ser intercambiável, ou seja, substituível, o medicamento deve apresentar um dos três testes: bioequivalência (no caso dos genéricos); biodisponibilidade (para os similares); e bioisenção, quando não se aplicam a nenhum dos dois casos anteriores. O objetivo das três análises é comprovar a igualdade dos produtos.

A política de medicamentos genéricos exige um rigoroso controle de qualidade, sendo assim uma aliada da população ao garantir acesso a medicamentos de qualidade e de baixo custo. Os fatores que impulsionaram a produção de genéricos no mundo foram: (i) a eficácia e menor custo dos genéricos em relação aos medicamentos de marca; (ii) previsão de que 35 milhões de dólares em patentes de medicamentos expiram nos próximos anos; (iii) crescimento dos custos de saúde; (iv) envelhecimento da população; (v) aumento das doenças crônicas; (vi) disseminação das novas e custosas tecnologias médicas; (vii) decréscimo da mortalidade e aumento da perspectiva de vida da população (CRF-SP, 2001). No Brasil, considerado um país onde a indústria farmacêutica pratica preços muito elevados, o mercado de genéricos evoluiu muito nos últimos anos (NISHIJIMA, 2003). Os medicamentos genéricos foram instituídos pela lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. A consolidação do mercado brasileiro de genéricos representa uma grande estratégia governamental, pois permite maior acesso da população a medicamentos de qualidade a um custo menor. Em 2003 já estavam disponíveis versões genéricas de 60,48% dos medicamentos comercializados (NISHIJIMA, 2003)

A determinação da qualidade de medicamentos é um fator extremamente importante. Desvios nas características recomendadas podem significar riscos graves para a saúde dos pacientes, podendo até mesmo tornar-se um problema de saúde pública. Um bom exemplo desta situação é apresentado por Petralanda (1995), que descreveu a baixa qualidade de amostras de medicamentos contendo primaquina. Naquele estudo, 12 amostras de 9 diferentes fabricantes foram reprovadas em ensaios quali e quantitativos descritos na Farmacopéia Americana. A grande variação no teor de fármaco dentro de um mesmo lote indicava falta de conformidade quanto as Boas Práticas de Fabricação (BPF). Segundo o autor, isso pode ter levado a seleção de cepas de Plasmodium vivax resistentes. Problemas semelhantes também já foram descritos por Mharakurwa e Mugochi (1994), Taylor, Shakoor e Behrens (1995), Bernard et al. (1999), Taylor (2001), Risha, et al. (2002), Odeniyi et al. (2003), Hebron, et al. (2005) e Adegbolagun, Olalade e Osumah (2007), entre outros.



Objetivos


            O objetivo deste trabalho é cumprir as obrigações pedagógica discente diante da exigência do curso Biomedicina, em especial em Farmacologia, atendendo a solicitação docente desta disciplina. E por meio deste, procuramos atentar a luz do conhecimento as diferenças básicas entre os medicamentos de referencia, similares e genéricos.


Metodologia


            Este trabalho foi desenvolvido a partir da abordagem a artigos sobre o tema, buscados na WEB, em sites especializados e também na plataforma Google Acadêmico de onde extraímos alguns artigos técnicos e científicos indexados, dos quais, constam em nossas fontes e referencias bibliográficas:


Discussão


Biofarmacotécnica consiste na avaliação da influência dos fatores físicos e físico-químicos ligados ao fármaco e à forma farmacêutica sobre os efeitos do medicamento no organismo. O estudo da quantidade e velocidade na qual o fármaco é liberado da forma farmacêutica é de suma importância para aperfeiçoar formulações e prever seu comportamento in vivo. No Estudo biofarmacotécnico comparativo entre medicamentos referência, genérico, similar e magistral contendo furosemida, um fármaco de baixa solubilidade e baixa permeabilidade Biopharmaceutical evaluation of reference, generic, similar and magisterial medicines containing furosemide, one lower solubility and lower permeability drug (SILVEIRA, et al. 2011), foi avaliada a qualidade de medicamentos referência, genérico, similar e magistral contendo furosemida e as características de liberação in vitro, simulando diferentes líquidos biológicos quanto a sua constituição e pH. Nesse trabalho avaliados os perfis de dissolução dos medicamentos em três meios distintos: água, tampão fosfato pH 5,8 e acetato pH 4,6 com agitação sob pá a 50 rpm.

A conclusão do referido trabalho, descreve: os resultados demonstraram que todos os lotes avaliados cumpriram com os requisitos mínimos de qualidade
exigidos na rotina do controle de qualidade de medicamentos.

Os perfis médios de dissolução dos três lotes industrializados, utilizado no estudo, apresentaram-se equivalentes em tampão fosfato pH 5,8, sendo a velocidade de liberação do fármaco contido no medicamento magistral um pouco menor. A quantidade dissolvida de fármaco, em água como meio de dissolução, foi de aproximadamente 80% para o medicamento similar e para o de referência, de 60% para o genérico e 70% para as cápsulas. Dentre as condições avaliadas, o tampão acetato pH 4,6 possibilitou discriminar melhor os lotes, sendo obtida quantidade dissolvida de 85% nos tempos 7, 12, 15 e 30 minutos para os lotes referência, magistral, similar e genérico, respectivamente. A diferença no perfil de dissolução da furosemida em diferentes meios sugere que a liberação do fármaco pode ser afetada pelo pH do TGI. A liberação de 85% da quantidade de fármaco em até 15 minutos caracteriza os medicamentos de liberação imediata, que geralmente não apresentam diferenças significativas de absorção, porém, os resultados obtidos indicam que esses valores podem se alterar devido a variações na constituição farmacotécnica e no pH dos líquidos do TGI. Devido às diferenças significativas de velocidade e quantidade de fármaco liberado a partir dos quatro grupos de medicamentos avaliados. Em virtude dos resultados obtidos, os autores finalizam recomendando que se faz necessário redobrar os cuidados na substituição de medicamentos na terapêutica crônica ou por tempo prolongado, segundo a sua origem de produção.

            Destaco também as conclusões apresentadas pelo estudo: Considerações biofarmacotécnicas relevantes na fabricação de medicamentos genéricos: fatores que afetam a dissolução e a absorção de fármacos (STORPIRTIS, et al.1999). Os fatores biofarmacotécnidos são de fundamental importância nos estudos de pré-formulação. Sua influencia sobre os processos de dissolução e absorção é determinante na segurança e eficácia terapêutica dos medicamentos.

Medicamentos genéricos fabricados sob diferentes condições tecnológicas e de formulação podem apresentar desempenhos distintos no organismo em relação a eficácia terapêutica e segurança, o que também pode ocorrer entre lotes sucessivos de um mesmo produto.

As Boas Práticas de Fabricação e de Laboratório são ferramentas utilizadas para garantir a homogeneidade entre as unidades de um mesmo lote, e de diferentes lotes de um mesmo produto, devendo ser implementadas para assegurar a qualidade das matérias-primas, uniformizar e controlar os processos de manufatura.

Recomenda-se que os ensaios de biodisponibilidade e bioequivalencia de medicamentos sejam efetuados na fase de desenvolvimento farmacotécnico estudando-se quando possível, a correlação entre os dados in vivo e in vitro (dissolução de fármacos a partir de formas farmacêuticas sólidas, por exemplo). A bioequivalência entre medicamentos genéricos deverá ser exigida nos processos de registro dos medicamentos para garantir o intercambiamento dos mesmos, favorecendo a consolidação de uma política nacional de medicamentos que assegure o acesso da população a produtos de qualidade comprovada.
  

Conclusão


            Este trabalho nos leva a conclusão de que os medicamentos de Referencia, por razão dos investimentos feitos pelos laboratórios acabam por ter custos mais elevados, porém, diante da legislação brasileira, em especial a Lei 6.360/1976, da Lei 9.787/1999 e da Lei 13.235/2015, a produção e a comercialização dos medicamentos Similares e Genéricos ganharam grande força no mercado interno impactando negativamente os preços dos medicamentos no Brasil. Enfatizamos, porém, que as diferenças de preços devem ser levadas em consideração.

            Em relação a absorção e biodinâmica da ação do fármaco, concluímos que não apresenta diferenças acentuadas, pois, nos estudos avaliados foram apresentadas pequenas variações as quais não implicam na ação do produto ativo, mas, em pacientes crônicos é importante ter a observação dobrada, segundo o grau de origem do fármaco e sua produção.

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Fontes e Referencias

 


Portal Pfizer. Diferença entre medicamento de referência, similar e genérico. Disponível em: https://www.pfizer.com.br/noticias/Diferenca-entre-medicamento-de-referencia-sim ilar-e-generico, visitado em 03/04/2019, às 13h57min.

 

Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul. Qual a diferença entre medicamento de referencia, similar e genérico? Disponível em: http://www.crfms.org. br/noticias/similar-com-status-de-generico/2604-qual-a-diferenca-entre-medicamento-d e-referencia-similar-e-generico, visitado em 03/04/2019, às 14h10min.

 

ANA M. Pugens; CARMEN M. Donaduzzi; EDUARDO B. de Melo. Controle de qualidade total e equivalência farmacêutica de três apresentações de Captopril. Revista Eletrônica de Farmácia. Ref – ISSN 1808-0804 Vol. V (I), 32-45, 2008. Contato do autor: ebormelo@yahoo.com.br.

 

SILVEIRA, Gleiciely Santos; SILVA, Lucas Dornela; MOSQUEIRA, Vanessa Carla Furtado; DE SOUZA, Jacqueline. Estudo biofarmacotécnico comparativo entre medicamentos referência, genérico, similar e magistral contendo furosemida, um fármaco de baixa solubilidade e baixa permeabilidade. Rev. Bras. Farm. 92(3): 306-313, 2011

 

STORPIRTIS, Sílvia; DE OLIVEIRA, Pedro Gonçalves; RODRIGUES, Dawerson; e MARINHO, Dimas. Considerações biofarmacotécnicas relevantes na fabricação de madicamentos genéricos: fatores que afetam a dissolução e a absorção de fármacos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, Vol. 35, nº 1, jan/jun 1999.



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