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O ex-ministro da educação Gilson Ribeiro e os pastores evangélicos Ailton Moura e Gilmar Santos envolvidos no escândalo do MEC durante o governo de Jair Messias Bolsonaro |
Por Evandro Brasil
Desde que comecei a acompanhar de perto casos de corrupção no Brasil, jamais pensei que veria algo tão estarrecedor quanto o que aconteceu ao redor do Ministério da Educação, sob o governo de Jair Bolsonaro.
Sinto um misto de incredulidade, repulsa e profunda indignação ao perceber que recursos públicos destinados à educação – o futuro de nossos jovens – tenham sido sequestrados emocionalmente, moralmente e até literalmente, por interesses espúrios.
Este é o meu relato detalhado do escândalo dos pastores no MEC, das ligações com Bolsonaro, da legislação violada, da imprensa que denunciou — e do que eu proponho para que algo assim nunca mais aconteça.
O escândalo: o que se descobriu
Quem são os envolvidos
Milton Ribeiro, então ministro da Educação.
Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, sem cargo oficial no MEC, mas com trânsito livre em gabinetes.
Prefeitos de várias cidades brasileiras que buscavam verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
📌 UOL Educação confirma que a Polícia Federal abriu inquérito sobre esse caso já em março de 2022.
Como funcionava esse esquema sujo
Prefeitos relataram que os pastores cobravam propina, inclusive em barras de ouro, em troca da liberação de verbas.
Houve relatos de prefeitos pressionados a comprar bíblias ligadas ao grupo.
Um áudio vazado revelou Milton Ribeiro dizendo que priorizava pedidos de pastores a “pedido especial do presidente Jair Bolsonaro”.
O jornal Folha de S.Paulo apurou que os pastores foram 127 vezes ao MEC e FNDE durante o governo Bolsonaro.
O vínculo com Bolsonaro
No áudio, Milton Ribeiro reconheceu que seguia orientação do presidente para dar atenção aos pastores.
O governo Bolsonaro negou irregularidades, mas admitiu que Bolsonaro pediu que os pastores fossem recebidos.
Quando a imprensa pediu, via Lei de Acesso à Informação, registros de reuniões entre Bolsonaro e os pastores, o Planalto respondeu com sigilo.
O portal UOL Notícias mostrou como o governo negou os dados sob alegação de segurança.
Consequências e investigações
A Polícia Federal investigou corrupção, tráfico de influência, prevaricação e organização criminosa.
O STF, por decisão da ministra Cármen Lúcia, determinou apuração. Ela destacou tratar-se de fatos “gravíssimos e agressivos à cidadania”.
Milton Ribeiro chegou a ser preso, mas foi solto após decisão judicial (BBC Brasil/UOL).
Leis, normas e princípios violados
O caso afronta diretamente:
Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992, alterada pela Lei 14.230/2021).
Constituição Federal, art. 37, que impõe os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011), quando dados públicos foram negados sob alegação de sigilo.
Minha indignação
O que me deixa revoltado é ver:
Crianças sem escolas concluídas porque prefeitos não tinham “ouro para oferecer” como propina.
O uso da fé como moeda de troca, desmoralizando a religião e transformando a Bíblia em mercadoria.
O descaso com o dinheiro público e a tentativa de esconder reuniões de interesse particular sob manto de sigilo estatal.
Durante o governo Bolsonaro - a falta de responsabilização exemplar, que incentivava a continuidade de práticas criminosas.
O que proponho para evitar novos escândalos
1. Transparência total: agendas públicas obrigatórias e abertas.
2. Automatização da liberação de verbas: critérios digitais e auditáveis, sem “intermediários”.
3. Controle externo fortalecido: CGU, TCU e MPF com acesso irrestrito e prazos curtos de fiscalização.
4. Separação rigorosa entre religião e Estado.
5. Proteção a denunciantes: servidores e prefeitos que sofrerem pressão devem ter canais para oferecer denuncia com segurança.
6. Sanções mais severas: inelegibilidade, perda de mandato, multas pesadas e prisão.
Não posso aceitar que a educação — pilar de um futuro justo — seja corrompida por barras de ouro e favores políticos. Esse episódio é mais do que um escândalo: é uma traição às crianças brasileiras.
Só existe um caminho: cobrar, fiscalizar, denunciar e nunca normalizar a corrupção. A educação é sagrada. O futuro não pode ser negociado.
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