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Entenda os conflitos do Oriente Médio de maneira simples e eficiente

O assunto mais falado da semana foi o ataque dos norte-americanos ao lider do exercito iraniano Qassem Soleimani no Iraque. Muitos amigos me solicitaram para entender o que realmente esta acontecendo. Eu destaco que eu também tinha dificuldades em entender os conflitos, isso no contexto histórico, pois, a imprensa normalmente transmite a informação do fato com poucos registros ou com informações truncadas sobre as verdadeiras origens dos conflitos.

Para facilitar o entendimento das pessoas que acompanham o nosso blog eu trago nesta publicação os principais conflitos da região desde a criação do território de Israel.



Conflitos no Oriente Médio
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o Oriente Médio transformou-se em uma das regiões mais instáveis do mundo.
Os conflitos ocorrem, na maioria das vezes, por fatores geoestratégicos, como o controle do petróleo, rivalidades locais e conflitos religiosos entre cristãos, judeus e muçulmanos xiittas e sunitas.
Veja neste artigo um resumo dos principais conflitos do Oriente Médio ou acesse a lista abaixo para mais detalhes.

Lista dos conflitos
·         Conflito Árabe-Israelense
·         Guerra de Suez
·         Guerra de Yom Kippur
·         Guerra Civil no Líbano
·         Revolução Fundamentalista no Irã
·         Guerra do Afeganistão
·         Conflito Irã-Iraque
·         Primeira Guerra do Golfo
·         Segunda Guerra do Golfo – Guerra do Iraque
·         Estado Islâmico
·         Primavera Árabe
·         Guerra na Síria

Conflito árabe israelense (1948-1949)
O Estado de Israel foi criado após a Segunda Grande Guerra Mundial, em 1948, pela ONU, por meio de uma divisão territorial em 1947, que ficou conhecida como a Partilha da Palestina, ficando os judeus com 56,5% do território e os árabes com 42,9%. Os territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza foram inicialmente destinados aos árabes que viviam na Palestina, e a área entre o vale do Rio Jordão e o litoral do Mediterrâneo foi cedida aos Israelenses.
A partilha da Palestina não foi bem vista pelas lideranças árabes na época (Egito, Síria, Iraque, Jordânia e Líbano), que imediatamente iniciaram um enfrentamento contra as forças do novo estado no Oriente Médio, originando a Primeira Guerra Árabe-Judaica (1948-1949), chamada de Guerra da Independência.
Após vencer as forças árabes muçulmanas, o Estado de Israel estava consolidado. Como consequência desse primeiro embate, milhões de palestinos tiveram que buscar exílio, refugiando-se em países vizinhos, especialmente no Líbano e na Jordânia, mediante a expansão territorial de Israel, que passou a controlar 75% da Palestina, desrespeitando os limites impostos pela ONU na Partilha de 1947. O restante da região (25%), composto pela Cisjordânia e pela Faixa de Gaza, ficaram, respectivamente, sob a ocupação da Jordânia e do Egito.

Guerra de Suez (1956)
Segunda Guerra Árabe-Judaica ocorreu em 1956, em consequência da atitude do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, que em 1952 havia derrubado o rei Faruk, de nacionalizar o Canal de Suez (ponto estratégico de ligação entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho) e de fechar o porto de Eliat no Golfo de Ácaba, Mar Vermelho, saída israelense para o Mar Vermelho.
Os ingleses e os franceses, controladores do canal, apoiados por Israel que se viu proibido de navegar pelo canal, atacaram o Egito, que se aproximara fortemente dos soviéticos.
Guerra de Suez durou uma semana, e teve a intervenção da ONU com o apoio dos EUA, que temia a forte aproximação dos soviéticos com o Egito. Nasser manteve o domínio sobre o Canal de Suez, além da ascensão política perante a comunidade árabe por defender o pan-arabismo e combater o imperialismo norte-americano. O Egito fez parte dos países não alinhados na Conferência de Bandung, na Indonésia, em 1955. B.4. Guerra dos Seis.

Guerra dos Seis Dias
Em 1967, Síria, Jordânia e Egito voltaram a atacar Israel, em um episódio que ficou conhecido como a Guerra dos Seis Dias, sendo a Terceira Guerra Árabe-Judaica.
Novamente as forças árabes foram derrotadas e, em represália, Israel incorporou uma série de territórios ao seu redor, argumentando que tais lugares serviram como faixas de segurança contra possíveis novos ataques.
As áreas ocupadas foram a Faixa de Gaza no Egito, as Colinas de Golã na Síria, a Cisjordânia na Jordânia e a parte oriental de Jerusalém.

Guerra de Yom Kippur (Dia do Perdão)
Novamente, Egito e Síria atacaram Israel em 1973, durante o feriado religioso judaico do Yom Kippur – Guerra de Yom Kippur, sendo a Quarta Guerra Árabe-Judaica.
O apoio dos EUA a Israel acabou por não surtir o efeito desejado pelos árabes, que novamente sofreram uma derrota militar. A maneira que alguns países encontraram para retaliar o apoio dos EUA a Israel foi por meio dos países exportadores de petróleo (Opep), iniciaram aquilo o que viria a ser a primeira grande crise internacional do petróleo.


Acordo de Camp David
Em 1979, por meio do Acordo de Camp David (EUA), mediado pelos norte-americanos, a Península do Sinai foi devolvida por Israel ao Egito, cuja devolução foi concretizada em 1982.
Da parte do Egito, ficou acertado o acordo de não agressão a Israel e permissão para os judeus navegarem pelo Canal de Suez. O Egito que além de respeitar o acordo de não agressão aos judeus, tornou-se importante aliado do Ocidente, além de combater avidamente a Irmandade Muçulmana.
A Cisjordânia e a Faixa de Gaza passaram a ser alvo de políticas de assentamento de colonos israelenses como forma efetiva de ocupação territorial; as Colinas de Golã continuariam sob controle israelense.

Intifada
Entre o período de 1987 e 1993, ocorreu a primeira Intifada (levante popular) dos palestinos contra a ocupação israelense em Gaza e na Cisjordânia.
As manifestações populares, que se iniciaram em Gaza, para posterior expansão para a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, consistiam em arremessar pedras contra soldados israelenses, que frequentemente revidavam, causando mortes e prejudicando a imagem de Israel diante da comunidade internacional.
No ano de 1988, o Conselho Nacional Palestino proclamou o Estado Palestino nos territórios de Gaza e da Cisjordânia. No mesmo ano, o rei Hussein da Jordânia reconheceu a OLP como liderança legítima dos palestinos, oficializando a desistência de ocupar a Cisjordânia.
Junto com a Intifada, nasceu o grupo Hamas (despertar, em árabe), com origem na Irmandade Muçulmana (Egito), tornando-se um importante movimento de resistência islâmica na Faixa de Gaza, sendo um grupo sunita e considerado terrorista por países europeus, EUA e Israel, atuando em duas frentes: política, com trabalhos sociais junto aos palestinos, e militar com ataques terroristas contra posições israelenses, utilizando homens-bomba e lançamento de foguetes contra o território de Israel.

Guerra do Líbano
O território do Líbano viveu uma guerra civil a partir de 1958, causada pela disputa de poder entre grupos religiosos do país: os cristãos maronitas, os sunitas (muçulmanos que acreditam que o chefe de Estado deve ser eleito pelos representantes do Islã, são mais flexíveis que os xiitas), drusos, xiitas e cristãos ortodoxos.
O poder, no Líbano, era estratificado. Os cargos de chefia eram ocupados pelos cristãos maronitas, o primeiro ministro era sunita e os cargos inferiores ficavam com os drusos, xiitas e ortodoxos. No entanto, os sucessivos conflitos na Palestina fizeram com que um grande número de palestinos se refugiasse no Líbano, descontrolando o modelo de poder adotado, já que os muçulmanos passaram a constituir a maioria no Líbano.
A Síria rompeu sua aliança com a OLP e resolveu intervir no conflito ao lado dos cristãos maronitas. Durante a ocupação israelense aconteceram os massacres de Sabra e Chatila. Foi com o apoio norte-americano que o cristão maronita Amin Gemayel chegou ao poder em 1982.
Revoltados com a presença das tropas norte-americanas na região, o quartel-general da Marinha americana foi atacado em outubro de 1983 e causou a morte de 241 fuzileiros. O atentado e a pressão internacional fizeram com que os Estados Unidos retirassem suas tropas do Líbano em fevereiro de 1984. As tropas israelenses também foram retiradas do Líbano, o que enfraqueceu os cristãos.
Os drusos se aproveitaram desta situação, dominaram a região do Chuf, a leste de Beirute, e expulsaram as comunidades maronitas entre 1984 e 1985. De outro lado, o sírio Hafez Assad e seus partidários libaneses detonaram uma onda de atentados a bairros cristãos e tentavam assassinar os auxiliares do presidente Amin Gemayel, que resistiu e permaneceu no poder até 1988.
Desde então, o Líbano está tentando reconstruir sua economia e suas cidades. O país é tutelado pela Síria.

Revolução Fundamentalista no Irã (1979)
No ano de 1977, cresceu a oposição ao governo autoritário do xá, pois a modernização imposta no país era vista como “ocidentalização” pelas correntes muçulmanas tradicionais. A oposição tornou-se mais forte diante da crise econômica que atingia o país e da ampla corrupção que tomava conta do governo em 1978.
Em 1979, o xá Reza Pahlev, diante da falta de controle sobre a insurreição, deixou o poder e fugiu do país. O líder religioso aiatolá Ruholá Khomeini retornou ao país de maneira triunfal como líder da Revolução Fundamentalista, vindo do exílio na França.
Em 1º de abril, foi estabelecida a criação da República Islâmica do Irã, promovendo a formação de um Estado Teocrático, apoiado pela Guarda Revolucionária, cuja autoridade máxima seria o aiatolá, líder religioso supremo (o presidente seria eleito pelo povo, no entanto ficaria subordinado ao poder do aiatolá), sobrepondo-se às agrupações de esquerda que tiveram participação na queda do xá, porém ficaram fora do poder.
A paralisação da produção de petróleo pelo Irã e seu rompimento com o Ocidente provocaram o segundo choque ou crise do petróleo.
O Irã passou por uma reestruturação político-social como Estado Teocrático, afastando-se da “ocidentalização” por meio do fundamentalismo religioso, determinando às mulheres a obrigatoriedade de cobrirem o rosto em público – com o uso do xador –, proibindo filmes ocidentais e o consumo de álcool, impondo sua doutrina e seus costumes religiosos tradicionais etc.

Conflito Irã-Iraque (1980 a 1988)
Em setembro de 1980, tropas iraquianas (árabes) invadiram o Irã (persa), sob o pretexto de não concordar com o Tratado de Argel de 1975, que definiu os limites fronteiriços (partilha) entre os dois países no Chatt-el-Arab, canal de acesso dos iraquianos ao Golfo Pérsico por onde é escoada a produção petrolífera.
Havia, no entanto, outros fortes motivos para a guerra: a cobiça pelo petróleo na província iraniana do Cuzistão; o desejo do Iraque em recuperar terras perdidas para o país vizinho na década de 1970; a preocupação com a influência iraniana na ascensão dos xiitas que são a maioria da população iraquiana.
A preocupação com uma possível insurreição dos xiitas no Iraque levou os EUA e a Europa Ocidental a apoiar o governo iraquiano de Saddam Hussein, sunita, e que chegara ao poder por meio de um golpe em 1979.
A guerra que era para ser rápida, como Saddam Hussein havia idealizado ao Ocidente, tornou-se longa, provocando a morte de 1 milhão de pessoas e de 1,7 milhão de feridos, além de ampliar a frota norte-americana na região. O conflito terminou sem vencedor com a mediação da ONU. Khomeini morreu em 1989, sendo sucedido por Ali Khamenei, aiatolá ortodoxo. Em 1990, os dois países reataram as relações diplomáticas, com Saddam Hussein, aceitando o limite fronteiriço do canal de Chatt-el-Arab.

Guerra do Golfo
O resultado prático da Guerra Irã-Iraque foi uma enorme dívida contraída pelo governo iraquiano, agravada pelo baixo preço do barril de petróleo.
Sem ter como pagar, Saddam Hussein decidiu invadir o território do Kuwait, grande exportador de petróleo, com os seguintes interesses:
·         dominar o Kuwait que havia sido província do Iraque, segundo Saddam Hussein;
·         o território kuwaitiano era um estado-tampão, que servia aos interesses ocidentais;
·         a possibilidade de ampliar a saída para o Golfo Pérsico;
·         o domínio dos poços de petróleo serviriam para pagar a enorme conta da guerra contra o Irã.
Foi assim que, em agosto de 1990, iniciou-se a Guerra do Golfo, a qual levou novamente os EUA, maior consumidor mundial de petróleo, a intervir militarmente na região diante da anexação do território kuwaitiano pelo Iraque.
Com o aval da ONU, foi formada uma coalizão militar de forças aliadas (EUA, Reino Unido, Egito, Arábia Saudita) sob a liderança dos EUA. Os fuzileiros americanos desembarcaram no Golfo Pérsico, Operação Tempestade no Deserto em janeiro de 1991, para expulsar os soldados iraquianos, antes seus aliados.
A ONU estabeleceu sanções econômico-comerciais contra o Iraque em relação à exportação de petróleo, que teve a venda controlada, agravando a situação socioeconômica no país.

Primavera Árabe
Os conflitos no mundo árabe iniciaram-se na Tunísia, espalhando-se por outros países situados na África Branca, resultando na queda de ditadores como Ben Ali (Tunísia), Hosni Mubarak (Egito) e Muamar Kadhafi (Líbia). Mais tarde, outros países como Marrocos, Argélia, Síria e o Iêmen, também sofreriam pressão.
A Primavera Árabe está relacionada a movimentos populares que têm em comum o fato de serem reações contra a falta de liberdade, a má qualidade de vida da maioria da população e a corrupção.


Guerra civil na Síria

A guerra civil na Síria mobilizou inicialmente a oposição representada pelo Exército Livre da Síria (ELS) contra as tropas do governo sírio. O ELS surgiu a partir da mobilização de civis durante os protestos da Primavera Árabe. Ao se juntar com militares desertores, formaram esse grupo armado que se oficializou em julho de 2011. O ELS é considerado como um grupo de origem secular, ou seja, que não está vinculado a nenhuma tendência religiosa. Representa a ala moderada da oposição.À medida que o conflitou avançou, outros grupos rebeldes foram surgindo, mas de orientação extremista. O maior desses grupos rebeldes extremistas é a Frente Fateh al-Sham (antiga Frente Al-Nusra), de orientação sunita. Esse grupo, até julho de 2016, era o braço armado da Al-Qaeda na Síria. A desvinculação da Frente Fateh al-Sham da Al-Qaeda, até onde se sabe, aconteceu pacificamente.







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